Releituras

Projeto Releituras

"Ler é uma operação inteligente, difícil, exigente, mas gratificante. Ninguém lê ou estuda autenticamente se não assume, diante do texto ou do objeto da curiosidade, a forma crítica de ser ou de estar sendo sujeito da curiosidade, sujeito da leitura, sujeito do processo de conhecer (...). Ler é procurar buscar criar a compreensão do lido, ler é engajar-se numa experiência criativa em torno do sentido do mundo e da própria vida"

Paulo freire

Os textos aqui apresentados  fazem parte do nosso primeiro livro "Releituras", resultado do projeto de leitura realizado durante o segundo semestre do ano de 2006, com alunos do Ensino Fundamental, na EEEMBA - Escola de Engenharia Eletro Mecânica da Bahia.
Utilizando-se de paráfrases e paródias, os estudantes revelam a preocupação com questões sociais como a fome, a exploração do trabalho infantil, a corrupção e os problemas urbanos abordados em sala de aulas nas diversas disciplinas.
Alem disso, a leveza, a ternura e o humor perpassam o conteúdo da obra, que pretendeu valorizar o trabalho desses jovens autores.

Releitura da Canção do Exilio, de Gonçalves Dias:

CANÇÃO DOS PALMARES

Minha terra tem Palmares
Para onde correm os escravos de cá.
Os cativos que aqui se escondem
Não são como os de lá.

Nossas matas têm mais bichos,
Nossas fazendas, mais feitores
Os quintais cheios de troncos,
As senzalas sem amores.

Ao correr sozinho, à noite,
Mais escravos encontro lá.
Minha terra tem Palmares,
Para onde correm os escravos de cá.

Nas costas, muitas dores
Das pancadas que recebia eu cá.
Ao correr sozinho, à noite,
Mais escravos encontarei lá,
Minha terra tem Palmares
Para onde correm os escravos de cá.

Não permita, Deus, que eu morra,
Sem que eu vá para lá
Sem que desfrute o sabor
de não mais apanhar,
Sem qu`inda aviste Palmares
E encontre os irmãos
que fugiram para lá.


Mateus Sales - 9o. ano

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Paródia da composição "Tô rindo à toa", do grupo Falamansa:

Tô na lagoa, tô aqui de novo
Daqui não saio, daqui não me movo
Seu pescador não vem aqui pescar
Aha-aha

Tô na lagoa, tô ficando esperto
Já não pergunto se esse peixe é certo
Uso a minha isca pra poder pescar
Aha-aha

Mordeu, mordeu, agora não sai, não sai, não sai
Tentei, tentei agora não pesco mais
Todo esforço que passei
Pro peixe da lagoa tirar
Pois se não fosse assim
Não ia ter o que jantar...

Ha, ha, ha, ha, ha
Tempera com cebola
Esse peixe veio da lagoa
Olha a espinha pra não machucar!
E pescando assim parece que o tempo voa
Com esse peixe frito na cebola
Amanhã venho recomeçar
Lalaiá, laiá, laiá...

(Dihonara e Flávio - 9o. ano)

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Mais uma produção da turma: poesia de Evelyn Freitas, na época aluna do 7o ano, denunciando a exploração do trabalho infantil.

Desejo de Realização

Minha terra tem pobreza,
Lugar de muita miséria,
Pessoas vivendo na tristeza,
Devido à crise e à incerteza.

Nosso país tem alegria,
Mas quanta ironia:
Vivendo na folia
De barriga vazia!

Criança brincando ali,
Pulando aqui e acolá
Sem proteção e segurança,
Tendo que trabalhar.

Se a cidade fosse minha,
Faria tudo para melhorar:
Com alegria e mordomia,
Casas para morar,
Horta para plantar
E o brilho do sol a raiar.

Em minha janela,
Um canário a cantar
E sempre, sempre a voar.
Lá, lá, lá, lá, lá...
Acorda, Evelyn, pra estudar!

                          Evelyn Freitas - 7o ano

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